Desfile !
Passarela do dia
Ilumina o comentário duro
Que desfila
Desfila também a raiva em vermelho
Passos rápidos
Braços elásticos
Bocas de traços finos
Contraídas
O intervalo é dentro do público
A chama da flecha olhar
Pulsações
Reprovações
De salto alto negro
Passos firmes
Requebrando os quadris
O julgamento superficial e explosivo
Encanto de primavera
Multicolorida
Ela aparece em véu de noiva
Faz a coreografia
Preenche a audiência
A insesatez das palavras
Sempre no instante trocado
De repente as luzes circulam em arco-iris
A música é new wave
O cenário é o das lamentações
Se cruzam
Fazem a dança dos lados
Do atrás
Fútil e sem graça
E continuamos dentro
Assistimos
Às vezes
Indignação
Às vezes
Perdão
Todos os modelos da nova estação
Passam agora
Negros
Cinzas
Tons pastel
Sempre na palidez neutra
A insensibilidade cheira o antes da ação
Se prepara para a reação
Confundida
Ela entra e sai em passos errados
Ninguém viu
E pedem Bis
A sala vira fumaça
Transparente
Carregada
A língua pesada energiza as expressões dos rostos
Dos gestos das mãos
Em felinas respostas
Todas em cores vibrantes
Penetrantes e antigas
Nesse caso, a platéia cansada da repetição
Muda e sem vida
Se entraga ao ouvido de aluguel
Contempla o silêncio das suas não palavras
Resignada
Nem triste
Nem feliz
Apenas certa da própria convicção
A indiferença
Antídoto da provocação mentirosa
Inútil
Mal cheirosa
Dos desfiles das emoções
Mal resolvidas
Por
Miriam Rey